O ELEFANTINHO BARROSO
O clima era de expectativa e emoção naquele dia na floresta. Nascia um novo membro na grande família dos animais da Floresta , um elefantinho.
Seus pais deram-lhe o nome de Barroso, elefantinho Barrroso.
Tinha sido muito desejado e esperado por todos, principalmente por suas duas mães.
Isso é muito comum na família dos elefantes, todas as fêmeas contam com a ajuda de uma outra para tomar conta do filhote.
Lea, sua mãe natural e Fafá, sua mãe de coração o amavam muito.
O elefantinho Barroso contava sempre com a companhia de suas duas mamães. Era muito bem cuidado. Recebia além de carinho e atenção, orientações de conduta sobre a vida na floresta. Ensinavam sobre como buscar alimento, como se livrar dos perigos dos predadores, a nunca se aventurar sozinho pelo pasto, a andar sempre junto da manada, enfim, tudo aquilo que todo elefante precisa aprender enquanto é ainda jovenzinho.
Barroso era simpático e esperto, mas não gostava muito de ouvir os conselhos de suas mães. Apesar da “dupla” proteção e orientação, não dava ouvidos, era muito travesso e vivia dando trombadas por aí.
Além da desobediência, as mamães preocupavam-se ainda com a alimentação descontrolada de Barroso. Comia até não poder mais, fazia qualquer coisa para ficar mais tempo no pasto, comendo é claro. Parecia ser um elefantinho bastante guloso.
Barroso costumava alimentar-se no pasto da Floresta , sempre sob o olhar atento de suas duas mães. Um dia porém, aproveitando-se de um momento de distração de Lea e Fafá, Barroso acabou afastando-se para além da fronteira da Floresta , atraído pela comida farta de um outro pasto, porém bastante perigoso.
Fafá e Lea quando deram por sua falta, ficaram apreensivas, já estava anoitecendo e os perigos aumentavam, principalmente naquela época do ano em que muitos caçadores buscavam nas florestas riqueza fácil com a venda de animais valiosos. Barroso podia ser facilmente apreendido, pois era inexperiente e não sabia defender-se das armadilhas desses aventureiros.
Imediatamente iniciaram-se as buscas seguindo a rota da comida, isto é, as mamães seguiam por onde tivesse fartura do alimento preferido de Barroso.
Barroso que se encontrava na Floresta vizinha, só percebeu que tinha se perdido, quando já estava farto, pois só pensava em comer e comer, só agora percebia que tinha ido longe demais.
Começou então a lembrar-se dos conselhos de suas mães.
Barroso começou então a buscar o caminho de volta. Andou por horas sem ter resultado, quando começou a sentir o peso da sua gulodice, mal se sustentava em suas próprias patas.
Já estava fadigado de tanto andar, quando percebeu a presença de estranhos. Lembrou-se nesse instante dos avisos de suas mães quanto aos perigos da vida na floresta. Quis apressar o passo, mas estava tão pesado e cansado que mal conseguia andar lentamente.
Começou a perceber que quanto mais andava, mais próximo sentia a presença dos caçadores. Barroso estava sendo perseguido.
Barroso acabou transformando-se em alvo fácil para seus perseguidores, pois andava lento e não sabia ao certo para onde ir, acabava andando em círculos.
Barroso estava quase encurralado. Seus perseguidores já iam atirar, quando uma grande elefanta se atravessou na frente de Barroso. Assustado, sem entender direito o que estava acontecendo, ele ouviu um barulho alto e só sentiu um peso enorme caindo quase por cima de seu corpo. Era a elefanta que tombava no chão.
Barroso virou-se tentando escapar, quando viu que quem estava caída no chão era Fafá, sua mamãe de coração. Ficou tonto, sem saber o que fazer, quando escutou sua outra mãe Lea, bramindo por trás das árvores:
l Barroso, venha para cá o mais rápido que você puder, venha!
O elefantinho aflito olhava para um lado e para outro, sem saber o que fazer - de um lado estava sua mãe Lea, que arriscara sua vida para salvá-lo, do outro sua mãe Fafá que, de uma outra forma, também estava tentando salvá-lo. Num impulso Barroso andou cambaleante rumo a sua mãe Lea, mas antes virou-se para trás, lançou um carinhoso olhar para sua mãe Fafá, que num esforço de amor devolveu-lhe o olhar de imenso afeto e compreensão.
Lea e Barroso acabaram conseguindo escapar. Barroso chegou ao seu lar quase desmaiado. Dormiu um dia inteiro, de tão cansado que estava.
Depois do ocorrido Barroso transformou-se.
Descobriu o verdadeiro sentido da vida, aprendeu sobre o valor dos sentimentos e do respeito por ele mesmo e pelos outros. Ao contrário do que a maioria esperava, tornou-se mais obediente, alegre e prestativo com toda a bicharada.
Só fazia aos outros o que quereria que fizessem para com ele, tinha sempre uma palavra de esperança e ânimo a todos que dele precisasse, nunca reclamava, ao contrário, ninguém ficava triste perto de Barroso. Era um elefante feliz e agradecido ao Amigo da Natureza – Jesus por tudo na vida. Barroso verdadeiramente esforçava-se para domar a mal e ser amigo do bem.
Não mais desobedecia Lea, alimentava-se de forma mais saudável, nunca afastava-se além dos limites da Floresta , via-se até Barroso orientando outros elefantinhos mais novos.
Um dia, para surpresa de todos, Fafá apareceu na Floresta contando que tinha sido levada para um circo e que o dono do circo resolveu, depois de muito tempo, devolvê-la para a Floresta.
No outro dia, toda a bicharada saia de suas tocas e ninhos para admirarem uma cena que há muito não viam: Barroso, pastando pelo descampado entre suas duas mães.